Grupo Riachuelo passa a contar com disciplina de educação socioemocional no currículo

A disciplina, que terá material especial e carga horária semanal no colégio, vai estimular o autoconhecimento e o gerenciamento dos sentimentos, buscando aliar a educação em sala de aula com a vivência dos alunos para além da instituição. – Muito mais do que formar médicos, dentistas, advogados, a gente tem de formar bons cidadãos. Para isso, gerir as próprias emoções é algo bem importante. A escola tem de mostrar isso para eles, de maneira harmônica, uns cuidando dos outros – explica Giana Falkembach.

Giana, que é psicóloga e psicanalista, já trabalha no Grupo Riachuelo há duas décadas, e acompanhou uma mudança na educação na forma de compreender situações que os alunos vivem, como aqueles momentos de branco na hora da prova e, até mesmo, de ansiedade diante de outras situações da vida escolar.

– Há 20 anos, quando comecei como psicóloga escolar do Grupo Riachuelo, era uma atividade nova, inclusive na cidade. Algumas instituições tinham uma profissional, mas muito mais como RH, não como psicóloga escolar, para atendimento de alunos, pais e professores. Na época, por conta da diretora da unidade de Camobi, professora Elaine Lôndero, que era educadora também na unidade centro, eu comecei a participar ativamente de conselhos de classe, reuniões de classe, entregas de boletim, enfim, de tudo. Logo em seguida, nós tivemos outra diretora, a Carmen Meneguello, que me ensinou tudo sobre o dia a dia de uma escola, a quem sou muito grata – relembra Giana.

Com o passar do tempo, e até mesmo por meio dos projetos que desenvolve e que promovem uma aproximação com os alunos, houve a percepção que, além da preocupação com as notas e o desempenho escolar dos alunos, era preciso abrir caminhos para que eles aprendessem sobre suas emoções.

– Tudo acontece primeiro na escola. Brigas, frustrações, mágoas, ressentimentos, fazer as pazes, voltar a ser amigo, então é recorrente eles virem falar comigo para eu tentar ajudar. A gente pode aprender tudo o que nos ajudará a ter uma vida adulta saudável no que diz respeito à educação emocional na escola. Tem que ensinar como se lida com desafios, porque a vida às vezes é isso mesmo, é superação, e nem sempre a gente ganha. Aprender a lidar com essas perdas também faz parte. Isso é estruturar o aluno para a vida adulta – afirma a psicóloga.

Assim como os demais projetos desenvolvidos com os alunos, a disciplina não tem a intenção de fazer um tratamento psicoterápico ou uma terapia com os alunos. Quando há essa necessidade, o encaminhamento é recomendado por Giana aos pais, para que eles procurem profissionais para a terapia.

– Os anos escolares se equiparam ao desenvolvimento humano, e há mudanças no nosso organismo, no nosso psiquismo, mudanças biológicas que vão interferir no comportamento e que poderão interferir no seu desempenho escolar e no grau de importância que ele vai dar para a escola – conclui Giana.

A efetivação do projeto agora, com a implementação da disciplina, é considerada fundamental pelo Grupo Riachuelo. Principalmente, porque agora os estudantes passam a viver uma nova fase depois da pandemia e de períodos em que estiveram isolados e, em alguns casos, tiveram perdas de pessoas próximas ou tiveram outras mudanças radicais na vida familiar. Com a inovação, mais uma vez, o Grupo Riachuelo mostra sua preocupação em agregar questões que farão a diferença não só nas atividades escolares, como também na vida de seus alunos.

Por: Marilice Daronco